terça-feira, 6 de abril de 2010

Temporais provocam tragédia com mais de 100 mortos no Rio Chuvas na capital fluminense bateram recorde histórico de 1966

As chuvas que atingem o estado do Rio de Janeiro desde a noite de segunda-feira já deixam um rastro de dezenas de mortes. Até a noite de ontem, já haviam mais de cem vítimas fatais. Entre os locais mais atingidos estão Niterói, com 48 mortos e 21 feridos; a cidade do Rio, com 36 vítimas fatais e 52 feridas, e São Gonçalo com 16 óbitos registrados e oito feridos. Pelo menos 1,4 mil pessoas estão desabrigadas e 368 desalajodas na capital.

Segundo o secretário estadual de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro, Sérgio Côrtes, oito bombeiros ficaram gravemente feridos durante o resgate de vítimas em Niterói, onde mais de 150 bombeiros trabalhavam. O secretário fez um apelo para que todos que estão em áreas de risco deixem suas casas e liguem para os bombeiros (193). O prefeito do Rio, Eduardo Paes, fez o mesmo apelo: todos os moradores de encostas devem deixar suas casas enquanto a chuva não passar. O sistema Alerta Rio pôs a cidade em alerta preto, o maior na escala de risco de temporais.

"É um risco enorme para as pessoas tentar atravessar os alagamentos. Nosso apelo é para que elas permaneçam em casa, se preservem. A situação é crítica, enquanto a chuva não baixar, dificilmente a gente consegue mudar este quadro", salientou o prefeito. O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, considerou a possibilidade de decretar situação de emergência. Os colégios públicos e privados, as universidades e os principais serviços públicos não funcionaram ontem.

A ponte Rio-Niterói ficou totalmente interditada no sentido Rio até por volta de 9h. O sistema de transportes ficou à beira do colapso. As estações de trem - Central do Brasil, Praça da Bandeira, São Cristóvão, Maracanã e Mangueira - fecharam.

A forte chuva foi causada pela passagem de uma frente fria, de acordo com o Climatempo, e superou o recorde de precipitação de 1966. Em 14 horas, choveu 288 milímetros, volume maior do que a 44 anos, quando foram 245 milímetros em 24 horas.

O temporal prejudicou a volta do trabalho para casa. Muitos passaram a noite em algum meio de transporte. Impossibilitadas de deixar o Centro, várias pessoas pernoitaram em hotéis da região. A lagoa Rodrigo de Freitas chegou a atingir 1,40 metro acima do nível. No Aeroporto Santos Dumont, 60% dos voos atrasaram.

As chuvas devem persistir hoje, mantendo alerta para a região Serrana e o Norte fluminense, segundo informações do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). As fortes precipitações e ventos de até 70km/h provocaram estragos em todas as cidades. "As chuvas devem persistir, mesmo que em menor intensidade, principalmente nos pontos montanhosos. O alerta maior é para as regiões mais úmidas, que já sofrem com o acúmulo de água e podem ter deslizamentos de terra", explica a meteorologista do Cptec Mônica Lima.
Força Nacional enviará 40 homens e um helicóptero

O Ministério da Justiça (MJ) vai enviar 40 homens da Força Nacional de Segurança especializados em busca e salvamento para ajudar no resgate das vítimas das chuvas. Além dos militares, que são bombeiros em sua maioria, o governo federal também vai enviar um helicóptero modelo Esquilo.

Os militares já atuaram no resgate de vítimas das enchentes que atingiram Santa Catarina em 2007. A expectativa é de que a equipe embarque assim que o governador Sérgio Cabral formalizar o pedido de ajuda ao governo federal.

De acordo com o MJ, um helicóptero da Polícia Federal está disponível caso haja necessidade de aumentar a ajuda ao governo fluminense. O efetivo de militares da Força Nacional também poderá ser ampliado de acordo com a necessidade. Segundo o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), o governo federal "não vai faltar" ao Rio com a ajuda que for necessária para minimizar os efeitos das chuvas no estado.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, em evento no Rio de Janeiro, que pede a Deus o término das chuvas na cidade. "A única coisa que podemos fazer em um momento como esse é pedir a Deus que pare um pouco a chuva para que a situação retorne à normalidade", afirmou o presidente.

EZEQUIEL SANTOS

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